segunda-feira, março 08, 2010

"CABELOS BRANQUINHO"


A idade chega.

É um fato de todo avassalador (claro que conservando certas belezas), nos transforma, tira muitos movimentos, mas traz uma sabedoria invejável e incontáveis experiências que se acumulam.
Mesmo com meu físico nada invejável (hahaha!) eu ainda hoje tenho um grande fôlego e agilidade, rápida cordenação motora e reflexos, boa flexibilidade e por menos que pareça, rapidez e força.
Mas ao relembrar e comparar estes requisitos comigo mesmo e com meu passado, percebo que de fato cada um destes atributos, ainda que bons, têm perdido com o tempo o seu equilibrio, ficando cada vez mais frágeis...
É a bendita idade chegando.
Não acreditava de imediato que minha mãe pudesse estar precisando de óculos mais fortes, mas hoje, sem óculos é impossível que ela coloque a linha em uma agulha... Não aceitava o fato de meu pai não conseguir jogar futebol comigo quando criança, mas fôlego meu amigo, ou se tem, ou não tem.
Eu também mudei... Corro maiores distâncias, mas canso ainda mais depois... Não consigo mais ficar sem óculos até mesmo durante o dia, o que anos atrás não me afetava em nada, eu tenho que fazer mais pausas do que fazia, tomar mais cuidado, correr menos.
Escrevo porque, ao sair da padaria hoje, no meu horário de almoço cruzei com um senhor muito velhinho na porta, de bengala, com fundas rugas e cabelos muito branquinhos, mas que em suas feições eu meio que me reconheci... O cumprimentei com um sorriso (muito bem retribuido) e segui para minhas compras.
No que me contou a consulta ao relógio, demorei cerca de 8 á 10 minutos na compra, subi o quarteirão, virei a esquina e vi, ainda no meio do quarteirão, andando a passos de formiga com todo o cuidado do mundo e sem pressa, alternando passo e bengala, o mesmo senhor, carregando na mão o saco com poucos pães.
Fiquei me perguntando quanto tempo ele demoraria pra chegar em casa, e se a mesma era perto... E comparei, o quanto era facil para mim caminhar, e o meu sem pressa, era a velocidade de um jato comparada aos passos destes senhor, mas lembrei que nunca nos damos conta disso, pois é tão comum caminhar, todos os dias o tempo todo, que não nos lembramos que para alguns se torna mais dificil.
E quando ele era jovem?
O quanto deve ter corrido, e tão rápido! E seus amigos? Irmãos?
As partidas de futebol, as brincadeiras de pique, as idas á escola, o trabalho, toda uma vida!
Se andar já era penoso, imagino o que mais seria dificil, complicado, pesado, e também, por mais quanto tempo o seria... É, os anos passam, com seus benefícios e seus malefícios, cheios de sabedoria, mas carregado de um pesado fardo que custa a ser carregado.

Em homenagem ao frágil senhor que me cativou com seu sorriso.

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